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domingo, 14 de julho de 2013

Os 50 melhores Cartazes curso de contabilidade das manifestações pelo Brasil



Com os protestos pelas ruas do Brasil vimos o povo se manifestando de várias formas. Muitos portavam cartazes e nesses cartazes curso de contabilidade estavam expressas todas as revoltas dos brasileiros de Norte a Sul do país, algumas, diga-se de passagem, muito criativas e bem humoradas. Separamos algumas: facebook.com/ClamorDaUniversal


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Ativo no Facebook, Anonymous assume liderança das manifestações pelo Brasil

Os hackativistas do grupo Anonymous assumiram uma espécie de liderança (ou, ao menos, servindo de referência) nas manifestações que ocorrem pelo Brasil afora. Eles já faziam parte dos protestos contra o preço das passagens, mas, depois que a meta de redução da tarifa foi atingida e deixou de ser a “força motriz” das passeatas, eles assumiram de vez a dianteira ideológica.
Prova disso é a fanpage principal do Anonymous no Facebook, que teve uma guinada explosiva nos últimos dias.
O crescimento semanal de curtidas, segundo as estatísticas da página, pulou de 7.000 a 8.000 por semana para cerca de 130 mil.
Eram 400 mil fãs na semana passada — hoje, são quase 850 mil. A página, alimentada frequentemente, tem muitos posts por dia.
Eles englobam a manifestação pela redução da tarifa do transporte público, já efetuada pelos governantes, mas também criticam corrupção, erros de governo, repressão e injustiças do tipo.
Exemplos são os vídeos com declarações polêmicas de Ronaldo (uma gravação de 2011) e de Pelé, ambos ressaltando a “importância” da Copa do Mundo e pedindo que as manifestações fiquem em segundo plano.
“Não se faz Copa com hospital”, foi a frase do Fenômeno, amplamente repugnada na web.
Novas diretrizes
Entre as publicações da página, está também a disseminação de um vídeo, que orienta os manifestantes a se guiarem por cinco novas metas. São novas causas que devem ser os alvos do desdobramento das manifestações.

“Só a diminuição dos valores das passagens não nos satisfaz”, dizem os hackers, em vídeo publicado no YouTube. No entanto, deixaram de lado polêmicas de cunho religioso ou ideológico, para atingir pontos unânimes e cruciais para a evolução política do Brasil.
1º: Não à PEC 37;
2º: Saída imediata de Renan Calheiros da presidência do Congresso Nacional;
3º: Imediata investigação e punição de irregularidades nas obras da Copa, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal;
4º: Queremos uma lei que torne corrupção no Congresso crime hediondo;
5º: Fim do foro privilegiado, pois ele é um ultraje ao Artigo 5º da nossa Constituição.
As manifestações sobre o item número 1, a PEC 37, devem acontecer já nesta semana. É uma proposta de emenda que elimina poderes de investigação do Ministério Público — que, desta forma, não poderia investigar crimes como o Mensalão, por exemplo.
O alcance das manifestações na web chegou a mais de 600 milhões de internautas, com oscilações entre uma quase unanimidade a favor dos protestos para uma decepção com os “excessos cometidos”, como vandalismo. Quando a tarifa foi reduzida, uma euforia também tomou conta dos internautas.
Na noite de segunda-feira, a contabilização de usuários somava 79 milhões engajados — ou seja, o salto foi de quase oito vezes no alcance, até a noite de ontem, em 48 horas. O mapeamento foi realizado online pela empresa Scup.
Ataques
O Anonymous divulgou na internet supostos dados pessoais, telefones e bens declarados de muitos dos principais líderes governamentais do Brasil. A lista inclui a presidente, Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula, Renan Calheiros, Aécio Neves, Marina Silva, Tarso Genro e muitos outros.
Além disso, eles invadiram o site do PMDB na madrugada de terça para comemorar a grande adesão de pessoas aos protestos. Horas antes dos protestos pelo Brasil, o Anonymous havia invadido o Twitter da revista Veja.
Os sites da SPTrans e da Copa do Mundo também caíram na terça. Secretaria da Educação Estadual de São Paulo, de Transportes, PM e PF caíram antes. Nesta terça-feira, até um suposto affair de um PM com uma mulher casada entrou na lista de vazamentos.

sábado, 6 de julho de 2013

Uma Reflexão sobre os Protestos no Brasil

Nas últimas semanas estamos presenciando as maiores manifestações organizadas pelo povo brasileiro.  manifestações estas que começaram em São Paulo com os jovens do MPL( movimento passe livre), que contestavam o aumento da tarifa dos transportes públicos, transportes estes que não são de boa qualidade. As manifestações contra os aumentos nas tarifas de transporte público, foi a última gota d'água que fez um povo com a paciência de um santo explodir em fúria nas ruas do país. A distância entre o povo e os ricos e poderosos no Brasil, é abismal!

Os jovens que por sua vez representam a maioria dos manifestantes, sabem que as coisas no Brasil não estão bem e que devem ocorrer profundas e urgentes mudanças na forma de governar o país: combatendo a corrupção generalizada, as injustiças sociais.., e se investir mais e melhor na educação, saúde, segurança pública, saneamento básico..., ao invés de se gastar biliões e biliões de reais na copa das confederações a decorrer, na copa do mundo do próximo ano e nas olimpíadas que decorrerão no Rio de Janeiro em 2016. 

Nas principais cidades do país, milhares de pessoas vão as ruas para lutar por um outro Brasil. As pessoas se sentem insatisfeitas com a maneira em que o país é governado, o resultado são os preços crescentes, serviços públicos ruins que forçam as pessoas a gastar o pouco que têm em planos de saúde privados e escolas privadas, enquanto ao mesmo tempo são galopantes os casos escandalosos de corrupção, que, em regra, ficam impunes. Em fim, faz com que as pessoas sintam que seus líderes estão gozando com eles.

Como resultado desta insatisfação generalizada,  vê-se manifestações massivas, trazendo mais de um milhão de pessoas às ruas em muitas cidades em todo o Brasil, enorme e extremamente diversificado. Em contra partida vemos uma "Polícia truculenta que não faz a menor questão de ser guardiã da democracia". Tudo indica que jamais nos orgulharemos daqueles que deveriam ser os soldados da ordem e da paz. Eles se confundem com baderneiros e vândalos na primeira oportunidade". Falando em vândalos nos protestos, é apenas uma pequena parcela de pessoas que destrói o patrimônio público e acha que as coisas se resolvem na base da depredação, se esquecendo para que haja mudanças é preciso exercer a cidadania sem medo mas com o respeito devido pois, só com respeito criamos as condições necessárias ao dialogo.

Então, o que falar sobre a cobertura da mídia nos protestos por todo Brasil? Manipuladora, tendencioso e vergonhosa . A depredação e a destruição do patrimônio público, a violência do atentado contra direitos alheios, os saques, foram totalmente relevados, obra de uma 'pequena minoria' ou de uns 'poucos radicais', afagavam os apresentadores de noticiários, abrindo espaço para mais abuso com suavidade criminosa. A globo só mostra os atos de vandalismo dos protestos, na tentativa conseguir colocar manifestante contra manifestante, uma vez que as manifestações estão gerando mais ibope do que a  Copa das Confederações. Enquanto que a record só mostra os protestos contra os gastos publicos na copa, dor de cotovelo por não ter os direitos de transmissão quer da copa das confederações como da copa do mundo do próximo ano. Band, sbt, rede tv, veja..... não são exceção nenhuma! Por isso acompanhe tudo pela internet.

Os protestos já estão dando alguns frutos: 
- Em curto prazo,  o aumento nas tarifas de transporte de 3,00 para 3,20 reais foi revogado na maioria dos municípios, e o senado aprovou um projeto que torna corrupção crime hediondo, mas ainda há muito mais a fazer.

- Em longo prazo, a presidente Dilma prometeu mais metrô e corredores de ônibus, investir a renda do petróleo na educação, mais transparência, criar o conselho nacional de transporte público e vários empregos, o controle da inflação e a estabilização da economia , entre outras.
Pra mim o mais importante das recentes manifestações no Brasil,  é na verdade, o despertar do povo brasileiro que parecia dormindo a beira do carnaval, futebol e novelas, mas ainda bem que o povo já acordou e foi pra rua reclamar de tudo aquilo que lhe é devido pelo governo! Poderia escrever mais, mas fico por aqui.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Celebridades pintam o olho de roxo em apoio a feridos em manifestações pelo Brasil

As celebridades decidiram apoiar às recentes manifestações que andam acontecendo pelo Brasil. As imagens, que foram divulgadas no domingo (16), fazem parte do protesto fotográfico "Dói em Todos Nós", de Yuri Sardenberg e amigos.

Thaila Ayala, Paulo Vilhena, Yasmin Brunet, Fernanda Rodrigues, Mayana Neiva, Carmo Dalla Vecchia, Thiago Amaral, Miguel Rômulo, Ingra Liberato, Mariana Molina, Lana Rodes e Wagner Santisteban estão entre os famosos que apoiaram a campanha.

No Instagram, além de compartilhar a foto, na qual aparece com um olho roxo, em referência à repórter da "Folha de S. Paulo" atingida por uma bala de borracha enquanto cobria a manifestação, Thaila comentou o assunto: "Vivi muito anos metendo o pau no q achava q estava errado nesse pais,na nossa política,criticando,e sentindo falta de fazer algo a mais, sentindo falta de atitude da população, de nos brasileiros acomodados, o pais do futebol e carnaval ,do "tudo tem um jeitinho", da malandragem !!! Me senti enojada e envergonhada muitas vezes e agora sinto repulsa de toda essa sujeira e maquiagem feita o tempo todo no nosso pais,principalmente do q esta acontecendo AGORA! Tenho pena das pessoas q não tem informações,nada além dessas notícias deturpadas e q ainda acham q tudo isso é arruaça por 0,20 centavos ! Acorda Brasil essa é nossa chance de mudar, de crescermos, de brigarmos por uma educação decente, saúde, segurança , chega de impunidade, de mensalão, de políticos podres de ricos comprando iates c nosso dinheiro, CHEGA de obras bilionarias q nunca chegam a fim p q possam roubar mais e mais, chega de se calar, chega de aceitarmos tudo o q nos é imposto! Vamos as ruas, vamos as janelas, vamos as redes sócias, vamos gritar, vamos nos unir, pq juntos conseguimos ir mais longe! Chega de violência seus policias, pois já sabemos q estão passando em cima de gente c moto, carro, e o q tiver na frente, q estão quebrando seus próprios carros p colocar a culpa em quem esta lutando para um futuro melhor p seus filhos! Agora é a hora de lutarmos por um pais livre, pelo direito da democracia , contra essa ditadura e essa opressão ridícula e vergonhoso!".

Paulo Vilhena, marido de Thaila, também se uniu à causa: "Essa foto faz parte de mais uma manifestação entre tantas que vem acontecendo em todo país. A violência e truculência com que os manifestantes vêm sendo abordados são mais uma forma de desrespeito ao cidadão brasileiro, não bastasse tudo que nos falta de direito, manifestar a insatisfação se tornou mais um medo para o brasileiro. Sair pra trabalhar em paz, ficar doente e confiar na saúde pública, pensar no futuro dos filhos, comprar o necessário para viver, ter direito a dignidade e a um cuidado sério dos nossos governantes é uma possibilidade cada vez mais distante p todos nós. Peço aqui aos senhores responsáveis por uma nação que pensem em todos nós com o coração livre de qualquer interesse político ou próprio e moralmente cuidem do nosso país de forma a permitir que todos nós tenhamos direitos preservados e por favor respeitem o dinheiro público, ele como o nome diz, deve servir as necessidades do povo. Parem com a falsa ignorância de achar que o que está acontecendo é somente pelo aumento do transporte público. É também! Mas a grande verdade é que o brasileiro não aguenta mais o que esta acontecendo. Nós queremos e merecemos ter orgulho de ser brasileiro".

"Isso é por nossos direitos! Não é pelos 20 centavos. É pela ditadura e democracia inexistente, repressão e opressão, correntes e prisão sem muros, a roubalheira do governo, pela falta de atenção e prioridade da saúde e educação, pela violência. Nos somos Brasileiros e não fugimos à luta! 'A ditadura perfeita terá as aparências da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão' Aldous Huxley #doiemtodosnos #mudabrasil", escreveu Yasmin Brunet na legenda de sua foto.

"Porque seria muito mais simples, muito mais humano, muito mais barato e muito mais digno se o  Brasil fosse para todos, cuidasse de todos e olhasse por todos", defendeu Mariana Molina.

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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Quer um mundo melhor? cuide bem das crianças...


Conceituando a violência contra crianças e adolescentes.

A violência social que hoje mobiliza os diversos grupos sociais, seja os da sociedade civil ou do Estado, expressa-se de forma especial em relação às crianças e aos adolescentes. A fragilidade deste segmento, bem como a sua subordinação na consecução de seus direitos e necessidades básicas o coloca mais vulnerável diante da degradação econômico-social que caracteriza a atual sociedade. A condição de seres em desenvolvimento torna as conseqüências da violência (física, psicológica, sexual e da negligência) mais agravantes, resultando, na maioria das vezes, em seqüelas bio-psíquicas irreversíveis.
Dados do Ministério da Saúde evidenciam que a principal causa de morte de crianças e adolescentes a partir de 05 anos são decorrentes de acidentes e violência.A violência contra crianças e adolescentes é apenas uma das expressões da violência social maior que atinge toda a sociedade. Exprime a conjugação de vários tipos de violência (urbana, comunitária, conjugal...), além de conter aspectos internos, específicos de cada família, os quais também devem ser observados e compreendidos. Assim, a assistência sobre tal violência deve estar centrada na família, pois é esta é quem está “doente”.

As diversas manifestações da violência contra crianças e adolescentes são analisadas, por parte da literatura específica, sem obedecer a uma classificação hierarquizada sobre sua gravidade. Até porque, é comum se verificar associações sobre os diversos tipos de violência. Assim, uma criança ou adolescente que é vítima de violência física, geralmente, também é submetido à violência psicológica, à negligência ou abuso sexual. Dessa forma, entende-se que todos os tipos de violência devem ser considerados com o mesmo nível de gravidade, pois podem sinalizar uma situação de risco social ou mesmo de vida para este segmento.

Adota-se o conceito de Deslandes (1994), a qual define a violência contra as crianças e aos adolescentes, ou os maus-tratos, como prefere a autora, “pela existência de um sujeito em condições superiores (idade, força, posição social ou econômica, inteligência, autoridade...) que comete um dano físico, psicológico ou sexual, contrariando a vontade da vítima ou por consentimento obtido a partir de indução ou sedução enganosa”.
Para a mesma autora, “os maus-tratos contra a criança e o adolescente podem ser praticados pela omissão, pela supressão ou pela transgressão dos seus direitos, definidos por convenções legais ou normas culturais”.

A aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA em 1990 representou um grande passo na proteção da infância e da adolescência. Em substituição ao antigo Código de Menores, o ECA passa a reconhecer esse grupo societário enquanto sujeitos de direito, abolindo o conceito de “menoridade”, o qual o submetia à condição de propriedade dos pais. Outrossim, passa a responsabilizar toda a sociedade (família, comunidade, Estado...) sobre a proteção da infância e adolescência.

Fatores associados à violência contra crianças e adolescentes.

Apesar de atingir de forma particular as camadas populares, tal violência também se verifica em todos as culturas e classes sociais. A visibilidade maior nas camadas populares é possível, devido estas, em termos absolutos, serem maior numericamente e por utilizarem mais os serviços públicos de saúde e educação. Enquanto que as classes médias e altas, ao contratarem os serviços privados, beneficiam-se também da omissão de notificação dos casos e da falta de maior monitorização das autoridades nestes estabelecimentos.
Assim, pode-se dizer que as análises sobre a violência contra crianças e adolescentes devem considerar a inter-relação entre diversos fatores (econômicos, sociais, culturais, psicológicos...), sem definir uma determinação linear de aspectos macro-estruturais sobres os casos registrados.

Entre os diversos determinantes, considerados em inter-relação, destacam-se:

Econômicos – carência material para garantia de alimentação adequada e de outras necessidades básicas (desemprego; baixo salário; ausência de benefícios assistenciais); ausência de investimento em equipamentos sociais ou dificuldade de acesso (creche; serviço de saúde; escola; transporte; habitação; saneamento básico...); trabalho informal dos pais desprotegido e com intensa carga horária...

Sociais – alcoolismo e abuso de outras drogas; omissão da paternidade; gravidez indesejada; gravidez na adolescência, podendo resultar no despreparo ou na maternidade mal-assumida; sobrecarga de atribuições e de papéis sociais (mães chefes de família); desconhecimento sobre as fases de desenvolvimento da criança e do adolescente...

Culturais – repetição da educação recebida, reproduzindo os conceitos de “castigo”, “hierarquia”, “autoridade”, “respeito”, “sucesso”, “disciplina”...; reprodução de valores pelos profissionais de saúde (violência institucional), resultando no despreparo para o atendimento da família ou na omissão da notificação; concepção de que os filhos são propriedade dos pais; visão de dominação do mais forte, esta difundida no interior da família e da comunidade; fanatismo religioso...
Psicológicos – frustração pessoal dos pais (no trabalho, na relação conjugal, na vida comunitária, consigo mesmo...); frustração dos pais sobre a expectativa sobre o comportamento dos filhos (personalidade e temperamento incompatíveis ao dos pais), gerando a desqualificação dos filhos ou a comparação entre os mesmos; filho não desejado ou fruto de relação frustrada...

Biológicos – distúrbios psiquiátricos dos pais; doenças crônicas ou deficiência física ou mental dos filhos, causando sobrecarga dos pais na atenção necessária; doenças crônicas dos pais que dificultam a atenção aos filhos; stress dos pais...

Históricos – mudanças do modelo de família; mudança no papel feminino na sociedade; avanços na legislação de proteção à criança e ao adolescente, tornando mais visível os casos de violência...
Caracterizando os tipos de violência contra crianças e adolescentes.
As crianças e adolescentes são submetidas às varias formas de violência, tais como: violência estrutural; violência urbana; exploração do trabalho; prostituição; homicídios...Entretanto, dados de estudos revelam que são crescentes os eventos ocorridos no ambiente familiar. É um tipo de violência mais passível de prevenção pelos profissionais de saúde, os quais podem também atuar sobre as demais formas a ela associada.

Violência física:

É concebida como aquela na qual existe o uso da força física de forma intencional, não acidental, praticada por pais, responsáveis, familiares outras pessoas próximas à criança ou adolescente com objetivo de ferir, danificar ou destruir esta criança ou adolescente, deixando ou não marcas evidentes.

A “síndrome da criança espancada” foi originalmente classificada na literatura médica como o principal tipo de violência física e é a mais comum de ser identificada nos serviços de saúde. Refere-se aos sofrimentos infligidos às crianças de baixa idade como forma de castigo e educação. É permeada por padrões culturais de educação, sendo controvertido o debate sobre os níveis de gravidade, podendo apresentar-se por: tapas; beliscões; palmadas..., ou por gestos que atingem partes muito vulneráveis do corpo; uso de objetos e instrumentos para ferir..., e até a provocação de queimaduras; sufocação; mutilações; fraturas ósseas... Geralmente, os sinais indicam agressões ocorridas em épocas diversas e são explicadas pelos pais de forma contraditória e insustentável. Não é raro que a agressão física conduza à morte de crianças e adolescentes como registram dados do Instituto Médico Legal.



A “síndrome do bebê sacudido” é uma forma especial de violência física. Consiste em lesões cerebrais, em geral em crianças de menos de seis meses, provocada por pais ou outros cuidadores, no geral, por irritação com o choro da criança.
A “síndrome de Munchausen por procuração” é definida pela situação na qual a criança é trazida para cuidados médicos devido a sintomas ou sinais inventados ou provocados pelos seus responsáveis. A conseqüência de submeter a criança a exames complementares desnecessários, uso de medicamentos... pode ser considerada uma violência física, além de psicológica, a medida em que é forçada a comparecer às inúmeras consultas e internações.

Violência psicológica:
É aquela que se caracteriza pela interferência negativa do adulto sobre a criança ou adolescente e sua competência na sociedade, conformando um padrão de comportamento destrutivo. Costuma apresentar-se associada a outros tipos de violência.


No estudo realizado pelo CLAVES destacam-se seis formas mais constantemente observadas:


Rejeitar: quando o adulto não aceita a criança, não reconhece o seu valor, nem a legitimidade de suas necessidades;


Aterrorizar: quando o agressor instaura clima de medo, faz agressões verbais à criança, a aterroriza e a faz crer que o mundo é hostil;


Ignorar: o responsável pela criança ou adolescente não estimula o seu crescimento emocional e intelectual;


Criar expectativas irreais ou extremadas sobre a criança e o adolescente;
Corromper: quando o adulto induz a criança ou o adolescente à prostituição, ao crime, ao uso de drogas...

Representa a forma mais comum de dominação dos responsáveis sobre os filhos, apesar de ser a menos identificadas pelos profissionais de saúde, talvez por ter forte vinculação com padrões culturais de educação dos filhos. Pode resultar em marcas profundas, as quais causam danos ao desenvolvimento e ao crescimento biopsicossocial da criança ou adolescente, podendo os levar a um posicionamento negativo e autodestrutivo diante da própria vida.



Violência sexual:
Conforme Azevedo e Guerra (1988), compreende “todo ato ou jogo sexual, relação hetero ou homossexual, entre um ou mais adultos e uma criança ou adolescente, ou utilizá-los para obter uma estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outra”. As autoras defendem que, nessas ocorrências, o prazer direto ou indireto do adulto é conseguido pela coerção ou sedução, e a criança é sempre vítima.
No geral, são acompanhadas de violência física, ameaças ou induções de sua vontade. Pode apresentar-se por atos nos quais não existe o contato sexual direto (voyeurismo, exibicionismo); por atos com contato sexual sem penetração (sexo oral, manipulação...)ou com penetração (digital, com objetos, ou com intercurso anal ou vaginal). Envolve ainda, a exploração sexual com a prostituição e a pornografia.

A maioria dos casos, segundo a literatura específica, é ocorrido no interior dos lares repetidamente, muitas vezes com a omissão dos responsáveis, já que representa um tabu cultural, Freqüentemente, os agressores são os pais, padrastos ou parentes ou pessoa que tem grande proximidade com a criança ou adolescente abusado. A mãe raramente aparece como agressora, mas é comum sua conivência pela omissão, devido ao constrangimento, medo de represálias ou da desestruturação do lar.

Negligência e abandono:

É definida pela omissão dos pais ou dos responsáveis no atendimento às necessidades básicas das crianças e adolescentes e no encaminhamento de seus direitos fundamentais. A omissão para com os cuidados básicos com a saúde, alimentação, higiene; a falta de inserção da criança em idade escolar na rede de ensino; a ausência do registro de nascimento; a falta de vacinação; o descuido com a atenção à criança gerando acidentes ou situação de rua; são exemplos mais comuns de negligência registrados nas unidades de saúde.

Algumas situações tidas como negligência no primeiro momento, são percebidas durante o contato maior com a família como resultantes da condição de exclusão vivida pelas camadas populares ou pela falta de esclarecimentos sobre seus direitos e recursos institucionais disponíveis, o que denota a inexistência de intencionalidade na situação objetiva de negligência. Outrossim, é comum a admissão de crianças em péssimo estado (desnutrição, desidratação, falta de higiene, meíse...) e a mãe ou pai apresentarem-se bem nutridos e vaidosos.



A importância da notificação compulsória.
A responsabilidade dos profissionais de saúde.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA estabelece em seu artigo 13 que os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos de crianças e adolescentes devem ser obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sendo considerada infração administrativa, sujeita à multa de três a vinte salários mínimos de referência, a falta de comunicação de autoridade competente, médico ou responsável pelo estabelecimento de saúde, dos casos de que tenha conhecimento. O Conselho Federal de Medicina e outros Conselhos Regionais também reiteram tal obrigatoriedade.
Entretanto, ainda é pequeno o número de notificações registradas. Conforme observa a equipe do CLAVES em estudo realizado para o Ministério da Saúde (2002), a categoria médica é a que mais resiste a tal atribuição por motivos diversos:

  • Receio de ser envolvido e de ter problemas com o agressor ou com a justiça;
  • Escassez de tempo e sobrecarga do profissional sobre uma enorme demanda;
  • Ausência de suporte institucional sentida pelo profissional para respaldar seu ato;
  • Descrença no poder público para dar solução aos casos encaminhados;
  • Desconhecimento do sentido do processo de notificação;
  • Falta de ação interdisciplinar que favoreça a sensibilização para a assistência mais ampliada, para além dos limites do tratamento médico do trauma ou lesão.
Assim, a atribuição do ato de notificar acaba sendo delegada, na ampla maioria das unidades de saúde, a outros profissionais, sobretudo aos assistentes sócias.
O ato de notificar, mais do que pelas implicações jurídicas, configura-se como principal base para a formulação de um perfil epidemiológico e para conseqüente formulação de políticas de promoção e prevenção que levem em conta as especificidades de cada localidade, além de possibilitar a incorporação dos atendimentos às vítimas de maus-tratos às rotinas institucionais.
Cabe aos gestores criarem as condições necessárias para criar um sistema de notificação de forma a incorporá-la à rotina das atividades de atendimento e ao quadro organizacional dos serviços, além de fomentar a capacitação dos profissionais de saúde para o atendimento dessa demanda que se coloca no topo da agenda da saúde pública hoje no Brasil.


http://imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2011/04/17/222246/20110417081953942274i.jpg